VIDA LIVRE DAS DROGAS

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sábado, 14 de março de 2015

"COMUNIDADE ESCOLAR E DEPENDÊNCIA DE DROGAS: PISTAS DE AÇÃO"


Obs: Imagem extraída do site: cadaminuto.com.br

"COMUNIDADE ESCOLAR E DEPENDÊNCIA DE DROGAS: PISTAS DE AÇÃO"


A população escolar é constituída predominantemente de crianças, adolescentes e jovens que estão em fase de desenvolvimento, com possibilidades educacionais muito peculiares. Os educandos estão numa das fases mais preciosas da estruturação da personalidade e da organização dos padrões de vida. Em sua idade, eles passam praticamente metade de seu tempo no ambiente escolar. É importante, portanto, que a escola tenha uma proposta educacional que respeite as fases de desenvolvimento dos educandos e ofereça-lhes, criticamente, as bases para que realizem, o mais harmoniosamente possível, o seu crescimento, de forma interdisciplinar e em cooperação mútua com a família e a Igreja.

O mínimo que se exige de uma escola é que honestamente operacionalize os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que incluem os "Temas Transversais e o Ensino Religioso", e incentivam a desenvolver programas educacionais que proporcionem a formação de cidadãos críticos e responsáveis diante de uma sociedade cheia de problemas, entre eles, o da droga.

No contexto da Campanha da Fraternidade - 2001, propomos algumas "PISTAS DE AÇÃO" mais específicas para as escolas. Consideramos importante trabalhar as informações científicas  sobre as drogas, como verdade, serenidade e lucidez, de acordo com a faixa etária dos alunos. Procure-se evitar o sensacionalismo, o moralismo e o alarmismo etc. Discursos antidrogas e mensagens amedrontadoras ou repressivas, além de não serem eficazes, podem até mesmo estimular o uso, pois "o amor educa, a repressão domestica". É necessário discutir, nos programas de prevenção, o uso de drogas e bebidas, situando-o, porém, dentro do contexto mais amplo da saúde.

O trabalho de prevenção às drogas, assim como da educação para a vivência equilibrada da sexualidade e não-violência, não deve constituir algo extraordinário na atividade educacional da escola, o que, em geral, causa curiosidade e apreensão entre os educandos e as famílias e, às vezes, desconfianças, de estar havendo na escola casos complicados, que estejam provocando a ação especial da escola nesses assuntos. Como a tarefa da escola ultrapassa os limites do instruir e transmitir conhecimentos - cada vez mais à disposição nos meios eletrônicos - sua missão passa sobretudo para a esfera do educar para a cidadania e para saber o que fazer com o saber acumulado, que está à disposição de todos. Cada professor é convidado, como responsável por seus alunos e pelos destinos do País, a desenvolver cada vez mais a dimensão educativa em seu trabalho profissional.

 A escola, além do enfoque educativo das diversas disciplinas, favorecerá, criativa e generosamente, atividades extra classes, que favoreçam nos alunos o conhecimento de si e do outro, e estimulem a disciplina e organização do tempo. Ajudam muito nisso os diversos tipos de grupos, como teatro, dança, esporte, música, grêmios, grupos de jovens, voluntariado junto aos mais necessitados etc. Estimulem-se, portanto, atividades criativas que possam absorver e entusiasmar as crianças e os jovens. Para alguém afastar-se das drogas, é necessário que tenha outras opções mais interessantes, que lhe ocupem o tempo, dentro de um contexto muito mais saudável. Tudo isso contribui para que as pessoas cresçam nas relações humanas, assumam valores, tenham uma vida saudável, entrem num processo de amadurecimento, exercitem a participação cidadã, clareiem suas opções etc.

Faz parte do processo educativo estabelecer regras de convivência, limites claros e estimular processo participativo, que ajudem os alunos a construir um ambiente onde a disciplina pessoal e comunitária seja assumida, na liberdade, com geradora de equilíbrio pessoal, convivência construtiva com o diferente e comportamentos compatíveis com a cidadania. Das orientações que cabem à escola faz parte também a questão das drogas, da violência e de outros tipos de desvios comportamentais.

Muitas outras atividades podem, ainda, ser desenvolvidas: incentivar a participação em palestras, campanhas solidárias, debates, cines-fóruns, jornais, folhetos etc. Sobre a questão da dependência de drogas; envolver as famílias e a comunidade na montagem e na execução de planos de prevenção; capacitar professores e/ ou técnicos para identificar e dar encaminhamento aos alunos, que, em relação às drogas, se encontrem em situações de risco etc; apresentar modelos de vida existentes na história que ajudarão os estudantes na procura de um projeto de vida posto à disposição do bem comum, particularmente dos mais necessitados.

Quando se descobrem alunos usando drogas, a abordagem deve ser direta, com  atitude clara de oferta de ajuda e não de repressão, encaminhando-o, conforme o caso, e em estreita ligação com a família, para acompanhamento especializado, grupos de ajuda mútua, entidades especializadas, serviços de saúde, internação etc. A escola não pode ser omissa e nem simplesmente descartar o problema mediante expulsão do aluno dependente. Ela não é uma agência de tratamento de casos tão específicos, mas, obviamente, lhe cabe orientar alunos e pais para procurarem instâncias adequadas de ajuda especializada.

Relembramos aqui as ricas propostas da Campanha da Fraternidade de 1998, que tratou da temática fraternidade e educação, no enfoque de uma educação "a serviço da vida e da esperança". Tais propostas promovem um processo educativo que liberta, dá condições aos alunos de "aprender a ser, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a fazer". Estimulam as pessoas a participarem na construção de uma escola mais eficaz, que eduque no exercício da cidadania, permitindo a todos serem também educadores, numa sociedade na qual somos todos aprendizes, sempre.


Obs: Reflexão extraída do livro: "VIDA SIM, DROGAS NÃO! - TEXTO-BASE DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE - 2001", Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, São Paulo: Salesianas - Escolas Profissionais Salesianas, 2001, páginas 86, 87, 88 e 89. Site da editora: http//www.salesianos.org.br